Já li muitas listas, receitas e mandamentos sobre “como ser criativo”, mas a palestra do grande ator, comediante e escritor inglês John Cleese sobre criatividade (gravada em vídeo durante o World Creative Forum) se destaca pela simplicidade e objetividade. E, claro, pelo toque de humor inglês.
Cleese é famoso por sua atuação na trupe Monty Python e em filmes como A Vida de Brian, O Sentido da Vida, Um Peixa Chamado Wanda e em episódios de Harry Potter. Talentoso e experiente. Ao relatar sua experiência de artista no lidar com a criatividade, revela alguns aspectos menos óbvios e compartilha dicas interessantes. Curiosamente, algumas delas são exatamente as mesmas que aprendi há 20 anos quando atuava na equipe de criação de uma agência de publicidade – tanto com a experiência prática como com o ótimo livro "Criatividade em Propaganda", do Roberto Menna Barretto. Dicas úteis inclusive para aqueles que pretendem se utilizar da criatividade em atividades não-artísticas
Uma história contada por Cleese é a base da mensagem: certa vez ele trabalhou horas a fio no roteiro de um programa humorístico. No dia seguinte, não conseguiu encontrar os manuscritos. Contrariado, começou a reescrever o roteiro de memória, e desta vez o trabalho fluiu mais rápido. Dias depois ele encontrou o manuscrito original que havia perdido, e por curiosidade comparou as duas versões. Surpresa: a segunda versão estava bem melhor que a primeira. A possível explicação: entre a primeira e a segunda versões, seu insconsciente continuou trabalhando e aperfeiçoando a ideia. Quer experimentar, sem ter que “perder” o que você produz? Veja algumas dicas deste gentleman:
Deixe seu incosciente trabalhar: após entender e se informar muito bem sobre o problema ou desafio que está tentando superar, dê um tempo para seu cérebro. Distraia-se, divirta-se, ou mesmo tenha uma boa noite de sono. Depois volte a se concentrar determinadamente no problema. A solução criativa virá muito mais facilmente – e provavelmente melhor resolvida. Mas não se iluda: mergulhar no desafio antes e dedicar-se depois são passos fundamentais. Funciona: foi testado e aprovado por criativos em regiões e épocas diferentes, como John Cleese na inglaterra e Menna Barretto no Brasil.
Crie fronteiras de tempo e espaço para trabalhar criativamente: segundo Cleese, em meio ao estresse de lidar com vários problemas e prazos ao mesmo tempo é muito difícil ter boas ideias e soluções crativas. Pra isso, recomenda criar pequenos “oasis” ao longo do dia, em que seja possívle se dedicar ao trabalho e à busca de melhores soluções.
Não seja interrompido: não é frustrante quando estamos “embalados” em um trabalho e somos bruscamente interrompidos? É difícil retomar o “fio da meada”, certo? Pois o ator inglês é bastante enfático ao relembrar que levamos um bom tempo de concentração e esforço para criar um “fluxo de ideias”, um estado de espírito criativo. Por isso, é um desperdício permitir interrupções quando se consegue atinge esse estágio. A recomendação dele é que o seu “oasis” deve ser à prova de interrupções, ou mesmo contar com fiéis guardiões que impeçam intrusos “exceto quando o incêndio já estiver consumindo o edifício por uma hora e meia”.
Bem, seguindo as dicas de John Cleese, posso ir dormir e revisar este post amanhã cedo – ou quem sabe “perdê-lo” e reescrever tudo antes de publicar! Se você preferir métodos menos radicais, pode simplesmente combinar essas singelas dicas com tudo o mais que você já leu sobre ter uma atitude criativa, encarar os problemas por ângulos diferentes, pensar fora da caixa, testar ideias com “advogados do diabo”, assumir riscos etc., e assim entender melhor de onde vêm as ideias – e por que frequentemente, em nossos mundinhos de laptops, distrações, noites mal dormidas e correrias infinitas, elas simplesmente não dão as caras.
Veja o vídeo com trechos da palestra de John Cleese (10 min, em inglês britânico): [clique aqui]
Fonte: http://www.terraforum.com.br/blog/Lists/Postagens/Post.aspx?ID=282
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