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quinta-feira, maio 24, 2012

Processo de Criação de Equipes

Autor: Irene Ciccarino

Para engajar pessoas com perfis, comportamentos e historias de vida diferentes numa mesma empreitada é essencial criar um ambiente onde cooperação, confiança e comprometimento sejam possíveis de forma que o conhecimento e a energia possa ser canalizado para um objetivo real, tangível e de beneficio coletivo.

É imprescindível que os membros da equipe vejam as metas como algo possível e importante, que de alguma forma faça sentido em sua teia interna de necessidades e expectativas.

Todo agrupamento de pessoas passa por 3 fases de relacionamento rumo ao seu desenvolvimento quanto equipe: Anomia > heteronomia > autonomia.

O melhor caminho para se entender essas fases é identificando as causas e os principais impactos das diferenças individuais no trabalho em equipe, diferenciando os conceitos de grupo e equipe e reconhecendo funções predominantes no trabalho em equipe

Precisamos também abstrair dos mitos de equipe perfeita e da demonização da hierarquia. Em alguns casos hierarquia e pouco espaço para palpites são vitais para o sucesso da ação, haja visto os casos médicos ou as incursões militares. Quando maior o risco e a precisão necessária menor é o espaço para negociação.

Sylvia Vergara nos diz que “uma equipe precisa de uma identidade em comum para se diferenciar de um grupo de pessoas. Equipes podem estar próximas ou não, mas a identidade permanece.”


Conjunto de pessoas também não é grupo,para isso é necessário ter:

  • Propósito em comum
  • Desejo explicito de estarem juntas
  • Sentimento de pertencimento
  • Sentimento de reciprocidade

Vejamos esse processo de formação:

Grupo primitivo:

Comporta-se como bando – pessoas unidas definido em torno de um líder sem procedimentos e papeis definidos. Sua estrutura é rígida, resistente a aprender com a experiência.

Grupo refinado:

Aberto a crescer e aprender através das diferenças, possui regras, mas está disposto a analisá-las e reformulá-las constantemente para aprimorar seu próprio funcionamento.

Tende a regredir para o estagio de grupo primitivo ante a situações de tensão e ameaça, a menos que sinta que está crescendo com os resultados de seus esforços.

São frutos de “Gestos de Esforços”, onde cada indivíduo adota atitudes antinaturais para se integrar e evitar conflitos.

Equipe:

A equipe funciona como um corpo, um sistema cujas partes individuais, embora conscientes, adotam uma atitude participativa ao ponto que seus feitos são notados como resultados do todo e não podem ser atribuídos individualmente.

Na equipe a realização coletiva engrandece o individuo e essa situação se estabelece por intermédio das lideranças e do comportamento da própria equipe.

A equipe se forma num estado de autonomia, conforme veremos a seguir:

Anomia:

É o período inicial, quando a equipe ainda é um grupo. Acontece quando as pessoas ainda estão se conhecendo ou quando um novo membro chega numa equipe ou grupo ainda em formação.

  • Ausência de diretrizes norteadoras do trabalho
  • Falta de definição de papeis
  • Desconhecimento entre os membros
  • Clima inibidor de entrosamento, atitudes autocentradas e relacionamentos superficiais.
  • Ausência de regras

Heteronomia:

  • Só evolui para o próximo estagio mediante a uma liderança.
  • Definição de objetivos
  • Aderência ou não às metas e metodologias
  • Subutilização dos membros da equipe
  • Disputas pelo poder
  • Fragmentação do grupo (panelinhas)
  • Se o grupo não evoluir para o próximo estagio tende a se manter num relacionamento imaturo e desnivelado pelo binômio dominação-passividade
  • Regras recebidas de fora, o poder exercido, quando é legitimado, atua como um agente externo numa relação de poder-obediencia.

Autonomia:

  • Relações maduras entre o membros
  • Poder rotativo baseado na capacidade de cada membro em contribuir para o alcance da meta
  • Comum acordo na definição de metas e metodologias
  • Recompensa validada pela equipe gerando um clima de satisfação e comprometimento
  • Continuidade do trabalho, mesmo com a saída ou ausência de um dos membros
  • Rodízio de funções levando a uma situação policompetente e multifuncional, dando maior flexibilidade à equipe.
  • Regras geradas dentro do grupo. A liderança faz parte da equipe e seus decisões são reflexos da vontade coletiva.

Na fase de autonomia ou de equipe auto-organizada o líder cumpre sua derradeira atuação, tal qual comentou Peter Drucker. “Para que possam sobreviver, os líderes devem deixar de ser os condutores autoritários do passado e converter-se em integrantes das equipes do futuro.”

Um grupo se transforma efetivamente em equipe quando:

  • Compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-los em conjunto
  • A comunicação é efetiva e as opiniões diferentes são aceitas
  • Estabelecem vínculos e as relações são baseadas em confiança
  • Assumem riscos de forma compartilhada
  • A energia é utilizada para o crescimento coletivo, a competição é para vencer coletivamente .
  • Atenção aos processos e esforço contínuo em melhorá-los

Cabe a um bom líder a função integradora de direcionar os esforços e proporcionar o melhor ambiente para a cooperação entre os diferentes talentos, porém as partes também influenciam o todo. Posturas como resistência a mudança, falta de convicção no potencial do grupo em alcançar os objetivos propostos, falta de ética e respeito, desmotivação, excesso de ambição, dificuldade em cooperar, podem atrapalhar de fato o desenvolvimento desse longo processo.

E assim como um bocejo que se espalha exponencialmente num ambiente essas posturas podem de fato se alastrar por todo o grupo e desvirtuá-lo de sua caminhada rumo a sinergia necessária para que possa se intitular como equipe.

Nesse longo processo tanto o patrocínio e direcionamento da liderança quanto a boa vontade e abertura dos profissionais envolvidos são necessários.

A equipe é um elemento de síntese, onde diversos ingredientes até mesmo antagônicos, numa primeira analise, devem se reconciliar em busca de sua essência complementar.

Conflitos sempre vão existir, mas como dizia Chaplin “Não devemos ter medo dos confrontos… até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.”

Fonte: http://projetointegral.wordpress.com/2012/05/11/processo-de-criacao-de-equipes

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